terça-feira, 11 de setembro de 2007

Discofonia (8/9 Setembro)

Tori Amos-You Can Bring Your Dog

Luciana Souza-
The New Bossa Nova

"Eu acho que é importante para um intérprete tentar compor. Agora se você é bem sucedido ou não compondo é uma outra história. Talvez os grandes momentos da minha vida como artista, não só como intérprete, cantora, mas como artista foram momentos onde eu tentei compor, quando eu tentei pegar a poesia de Neruda e passar para música. O processo é muito importante. Eu sempre quis estudar composição para poder entender... a minha curiosidade na música é assim: quando eu gosto de alguma coisa, eu me pergunto, porque é que eu gosto disso? E eu vou atrás do que me excita, do que me anima, do que me pega o ouvido... o que é exactamente que está por detrás disso que faz isso ser bom para mim? E às vezes é o som de uma pessoa, o timbre, às vezes é o ritmo, às vezes é o contraponto, às vezes é a melodia, às vezes é a harmonia, ou às vezes é uma combinação disso tudo. E como compositora é que eu consigo analisar e desmembrar essas coisas todas. Então eu acho que o processo de composição é um processo que enriquece demais o intérprete. Um cantor que entende composição consegue também improvisar melhor porque você tá compondo quando você está improvisando.
(...)
Não é fácil ser brasileiro, como não deve ser fácil ser português ou de qualquer lugar no mundo, mas eu acho que não é fácil ser brasileiro porque nós somos uma mistura muito grande, já somos um híbrido de muitas coisas e um híbrido talvez mal resolvido. Eu não sei se o brasileiro tem paz com o que ele é. Eu acho que a gente abraça uma ideia de paz, somos pessoas que dançamos e bailamos e somos felizes, mas ao mesmo tempo temos um certo recalque. Não somos europeus, não somos latinos, não somos negros realmente, quer dizer, quem somos nós? Eu, na verdade, eu quero viver com essa ambiguidade. Eu não tenho problema com isso. Eu sou brasileira e também sou um pouco americana agora e quiçá cidadã do mundo. O que eu gostaria realmente de ser é poder, como eu faço na música, ou tento fazer na música, que é amar tudo, amar a música brasileira, amar o jazz, amar a música clássica e na verdade não querer ser nada, eu não preciso definir isso. Eu quero morrer vivendo. Entendeu? Quero viver essa vida e quando morrer, morreu, outra pessoa que me defina."

Wax Poetic & Otto-Alessandra
Matt Pavolka Group-
... And Your Wellness

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