terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Discofonia (6/7 Janeiro)

Patrick Watson-Day Dreamer

André Fernandes 4teto-
Cubo

"É uma coisa que me interessa... mesmo quando criamos espaços para a improvisação, eu acho que é importante, se existe mais do que um improvisador no mesmo tema, é importante que o compositor também pense nesses espaços como uma parte importante, como uma cor específica do tema. Na maior parte destes temas, e mesmo em temas meus anteriores, é raro haver dois improvisadores a tocar sobre a mesma estrutura; acontece, como é evidente, mas na maior parte dos temas isso acho que não acontece... e também raramente há solos sobre a estrutura onde foi tocada a melodia do tema, ou seja, cada secção, inclusivamente as secções de solo, são escritas também, ou são planeadas, de forma a criar momentos diferentes, e a acomodar também o som dos intrumentos diferentes que improvisam. Foi isso que aconteceu no Sal, embora o Sal seja específico, porque existe uma estrutura de solo escrita, ou tocada, em banda, que é o meu solo, e no caso do Mário, eu deixei que fosse ele a fazer o que quisesse (...) e acho que essa é uma coisa, já agora, que é um excelente exemplo também de uma característica do Mário, que para mim é igualmente impressionante em relação às outras coisas que ele tem, que são mais visíveis, mas que é o sentido que ele tem de forma e a noção que ele tem de todos os contextos, ou seja, pode ser difícil para um músico ter um espaço vazio em que de repente és só tu, e fazes o que quiseres e pronto, e o que é verdade é que ele consegue criar um fio condutor que sai do tema que estava escrito e que regressa de uma forma super natural para o tema novo, ou seja, faz com que aquilo seja uma improvisação feita para aquele tema e não uma improvisação que podia calhar em qualquer outro."

"É estranho porque na prática é o mesmo instrumento mas acho que o contexto é tão diferente e o som é tão diferente, e aquilo que é importante, ou pelo menos aquilo a que nós temos que dar mais atenção acabam por ser coisas diferentes do que são num contexto jazzístico, e portanto a sensação geral é um bocadinho diferente. É óbvio que é uma coisa mais visceral, se calhar, e um bocadinho mais despreocupada... não num sentido negativo para o jazz, não no sentido de ser um sofrimento ou de ser mais difícil tocar jazz ou isso, não é tanto isso, mas é preciso estarmos atentos a uma série de coisas, é preciso um nível de concentração diferente do que é para tocar rock- o rock é uma coisa mais visceral."

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