terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Discofonia (8/9/10 Dezembro)

Zeep-Funny Old Song

Pedro Guedes-
Orquestra Jazz Matosinhos invites Chris Cheek

"Eu penso que há uma certa mistificação da música de jazz, penso que a música de jazz é mais simples do que o que as pessoas pensam ou a imagem que têm dela. Porque, quer dizer, grande parte da música que é tocada, de jazz, é feita sobre uma base, sobre um ciclo que se vai repetindo, e em que as pessoas vão improvisando, por isso é uma coisa que é fácil, se as pessoas tiverem alguma predisposição e algum conhecimento, é uma música que é fácil, e que é divertida porque é, no fundo, essa criatividade toda da repetição e o que se vai fazendo com a repetição, que é a improvisação, não é?, que torna esta linguagem muito especial. E eu penso que há uma certa mistificação ligada... transformam esta música, que é uma coisa que até é bastante espontânea e simples, numa coisa complexa, mais intelectualizada, por isso eu acho que é muito importante que se façam concertos fora, primeiro que tudo fora dos grandes centros, porque nos grandes centros as pessoas certamente têm mais acesso a esta informação, e sobretudo para demonstrar que isto não é uma música complicada nem uma música fechada, bem pelo contrário (...)."

"Aquilo que eu gosto, e estou a falar por mim agora, aquilo que eu gosto, é de ouvir grandes improvisadores, em tempo real, a resolver problemas, e é isso que se passa, quer dizer, isso é muito interessante... é como ver um atleta a superar-se, é exactamente o mesmo processo. É como ver um atleta qualquer a fazer um salto... que bate o recorde mundial, ou a corrida dos 100 metros, que bate o recorde mundial, quer dizer, é exactamente a mesma coisa, são pessoas a superarem-se... em palco, com a linguagem musical, em vez de ser o desporto, que para mim ainda é mais divertido."

"As bandas (filarmónicas) têm sido núcleos muito importantes de formação e dinamização musical porque eles dão ensino e prática a uma quantidade enorme de crianças por esse país fora, crianças, adolescentes e adultos, e têm tido um papel absolutamente crucial no desenvolvimento da música e isso é importante. Sem querer entrar aqui na piscicultura, são viveiros em que felizmente permitem que muitos músicos apareçam e, por exemplo, os nossos músicos dos metais todos eles tiveram passado, vieram de bandas, foi lá que começaram a aprendizagem musical, e depois seguiram o seu caminho, fizeram o conservatório, a escola superior de música, todos eles, enfim. (...) Eu espero que (a Orquestra de Jazz de Matosinhos) seja sempre um tubo de ensaio de novos talentos, espero que a orquestra seja capaz sempre de se renovar, de ser um tubo de ensaio porque as coisas têm que ser experimentadas, tem que haver aqui alguma dinâmica, tem que se pôr a mão na massa, é importante, isso. Mas, felizmente, eu acho que a orquestra, hoje em dia, já está, penso que nós estamos a fazer um papel importante, na medida em que existe uma orquestra de jazz em Portugal que toca diferentes repertórios, e isso é uma coisa importante, embora existam a orquestra do Hot Clube, a Tora Tora Big Band, quer dizer, existem uma data de orquestras, que agora não me estou a lembrar o nome, bom, mas com a actividade regular, a fazer o trabalho que nós fazemos, penso que não existe, quer dizer, num país como Portugal, não se compreende como é que não há uma orquestra nacional de jazz, por exemplo, como há noutros países."

Mário Laginha-Do Lado de Cá do Mar

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