terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Discofonia (22/23 Dezembro)

Yael Naim-Toxic

Joe Henry-
Civilians


Beirut-In The Mausoleum
Jason Moran-
Refractions 2
Jason Moran-
Artists Ought to Be Writing

Burnt Friedman-
Walk with Me


Bill Frisell & Matt Chamberlain-The Wanderer
Feist-
1234
Bibi Tanga & Le Professeur Inlassable-
Ayo
Yeasayer-
Forgiveness
Giant Sand-
Iron Man

Aimee Mann-
Christmastime

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Discofonia (15/16 Dezembro)

Yael Naim-Too Long

Old Jerusalem-
The Temple Bell

"Começando a trabalhar numa canção, eu gosto de a manter em actividade. Vou tocando a canção, mesmo que não tenha nada, eu posso ter uma letra que eu sei que não vai ser a definitiva mas há uma aleatoriedade que é muito, muito interessante no processo de escrita, que eu gosto de manter diariamente quase, quando estou a trabalhar num tema. E deixo que as palavras vão surgindo e vão encaixando, mesmo que não sejam as adequadas, que sequer façam sentido, porque depois há um processo que para mim é o mais interessante na escrita, que é o descobrir sobre o que é que estamos a escrever. Porque um tema vai surgindo e vou tendo palavras de trabalho, digamos assim, que não têm nenhuma relação mas que em algum momento quase se vão tornar definitivas, com pequenos ajustes porque eu descubro que afinal estavam relacionadas, e eu não estava a fazer a associação, mas há um momento em que eu descubro sobre o que é que estou a falar e a partir daí é muito rápido o processo de finalizar a canção. Forma-se na cabeça o assunto do tema e isso depois é muito interessante, mesmo em termos de descoberta pessoal mas, lá está, isso não é partilhável, o que é uma pena. Agora, o que acontece é que provavelmente chegamos ao final com um resultado que não tem nada a ver com o inicial a não ser em duas ou três ideias-chave ou duas ou três palavras-chave e portanto, a partir de certa altura, é uma mistura de adaptação da música a palavras que têm que lá estar ou adaptação das palavras a música que tem de lá estar."

"Eu gostava bastante de ver-me, daqui a 10 anos, a continuar a fazer isto. E de forma não interrompida. Eu gosto da ideia de continuidade, mesmo com um mau trabalho. Eu acho que há-de acontecer fazer coisas que eu não acho que sejam assim... que não é o ideal, aliás nunca foi, mas eu vejo assim essa progressão como necessária. Há que haver ali passos em falso e vai haver momentos mais criativos e momentos menos criativos mas quando as coisas acabam, isso faz todo o tal corpo de trabalho que tem um sentido, que tem uma vida interna." (Francisco Silva)

António Olaio & João Taborda-20 Years in a Plane

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Discofonia (8/9/10 Dezembro)

Zeep-Funny Old Song

Pedro Guedes-
Orquestra Jazz Matosinhos invites Chris Cheek

"Eu penso que há uma certa mistificação da música de jazz, penso que a música de jazz é mais simples do que o que as pessoas pensam ou a imagem que têm dela. Porque, quer dizer, grande parte da música que é tocada, de jazz, é feita sobre uma base, sobre um ciclo que se vai repetindo, e em que as pessoas vão improvisando, por isso é uma coisa que é fácil, se as pessoas tiverem alguma predisposição e algum conhecimento, é uma música que é fácil, e que é divertida porque é, no fundo, essa criatividade toda da repetição e o que se vai fazendo com a repetição, que é a improvisação, não é?, que torna esta linguagem muito especial. E eu penso que há uma certa mistificação ligada... transformam esta música, que é uma coisa que até é bastante espontânea e simples, numa coisa complexa, mais intelectualizada, por isso eu acho que é muito importante que se façam concertos fora, primeiro que tudo fora dos grandes centros, porque nos grandes centros as pessoas certamente têm mais acesso a esta informação, e sobretudo para demonstrar que isto não é uma música complicada nem uma música fechada, bem pelo contrário (...)."

"Aquilo que eu gosto, e estou a falar por mim agora, aquilo que eu gosto, é de ouvir grandes improvisadores, em tempo real, a resolver problemas, e é isso que se passa, quer dizer, isso é muito interessante... é como ver um atleta a superar-se, é exactamente o mesmo processo. É como ver um atleta qualquer a fazer um salto... que bate o recorde mundial, ou a corrida dos 100 metros, que bate o recorde mundial, quer dizer, é exactamente a mesma coisa, são pessoas a superarem-se... em palco, com a linguagem musical, em vez de ser o desporto, que para mim ainda é mais divertido."

"As bandas (filarmónicas) têm sido núcleos muito importantes de formação e dinamização musical porque eles dão ensino e prática a uma quantidade enorme de crianças por esse país fora, crianças, adolescentes e adultos, e têm tido um papel absolutamente crucial no desenvolvimento da música e isso é importante. Sem querer entrar aqui na piscicultura, são viveiros em que felizmente permitem que muitos músicos apareçam e, por exemplo, os nossos músicos dos metais todos eles tiveram passado, vieram de bandas, foi lá que começaram a aprendizagem musical, e depois seguiram o seu caminho, fizeram o conservatório, a escola superior de música, todos eles, enfim. (...) Eu espero que (a Orquestra de Jazz de Matosinhos) seja sempre um tubo de ensaio de novos talentos, espero que a orquestra seja capaz sempre de se renovar, de ser um tubo de ensaio porque as coisas têm que ser experimentadas, tem que haver aqui alguma dinâmica, tem que se pôr a mão na massa, é importante, isso. Mas, felizmente, eu acho que a orquestra, hoje em dia, já está, penso que nós estamos a fazer um papel importante, na medida em que existe uma orquestra de jazz em Portugal que toca diferentes repertórios, e isso é uma coisa importante, embora existam a orquestra do Hot Clube, a Tora Tora Big Band, quer dizer, existem uma data de orquestras, que agora não me estou a lembrar o nome, bom, mas com a actividade regular, a fazer o trabalho que nós fazemos, penso que não existe, quer dizer, num país como Portugal, não se compreende como é que não há uma orquestra nacional de jazz, por exemplo, como há noutros países."

Mário Laginha-Do Lado de Cá do Mar

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Discofonia (1/2 Dezembro)

The Chromatics-Night Drive

Jacinta-
Convexo (A Música de Zeca Afonso)

"Eu sou mais virada para os instrumentistas, normalmente aprendo mais com os instrumentistas do que com os cantores. Aprendo mais sobre música, sobre jazz. Porque o cantor, por natureza, é muito intuitivo. Tudo é intuição... e por isso, normalmente, é um mau professor... é complicado... por isso é que a escola de canto jazz é quase inexistente, porque a passagem oral é mesmo só auditivamente. Não há praticamente uma escola de ensino do jazz vocal.(...) (Com um cantor) aprende-se muito do estar em palco e do domínio da plateia e, digamos, da zona onde se está; não é só o palco mas é toda a sala."
"Foi a partir daí, porque a tournée era com o repertório do Daydream, além de outras canções que nós pusemos ao vivo... a Canção de Embalar passou a ser um encore, porque apesar de ser uma balada e completamente parada, tinha uma reacção gigantesca do público. Eu nunca pensei que isso fosse possível e isso deu-me... quase que me incentivou a ir pegar na música do Zeca Afonso, tipo, agora tenho a desculpa, agora não me podem pegar, lá porque eu sou do jazz, eu vou mesmo fazer Zeca Afonso (...). O Zeca Afonso sempre me disse muito, faz parte das minhas raízes, sempre me acompanhou na minha formação musical, mas sempre em paralelo. Parece que nunca me permiti considerar a música do Zeca Afonso como um possível repertório, completo, para mim, tanto na música erudita como no jazz (...)."
"Sem dúvida (que existe um tabu em trabalhar a música de Zeca Afonso). Em qualquer contexto, eu diria. Porque o Zeca Afonso é o Zeca Afonso, é um ícone, quase intocável, apesar de alguma da música dele já ter sido muito feita, eu senti assim... um certo nervoso miudinho, um certo receio, do que é que me vão dizer, vão-me excomungar... Por um lado, os admiradores do Zeca vão odiar, por outro, os do jazz vão dizer que isto não é jazz... portanto foi assim um bocado... um bocado de lata!"

Bass Drum Bone-1, 2, 3