Camille-Canards Sauvages
Azevedo Silva-Autista
"Ainda hoje julgo que não sei tocar muito bem guitarra. E não o digo com falsa modéstia. Julgo mesmo que não sei tocar guitarra e foi simplesmente a brincar e a dedilhar coisas. (...) Foi num período em que devia ter 12 anos e, na altura, ouvia muita coisa como Nirvana ou Smashing Pumpkins, coisas assim, e lembro-me perfeitamente que o que eu tentava imitar, ou Bob Dylan, e tentava imitar as notas, mesmo sem saber o que é que estava a fazer, tentava apanhar o som de ouvido. E ainda hoje não sei, às vezes tenho dificuldades a tentar explicar qual é a nota que estou a fazer. (...) Foi assim, mais num processo de imitação do que propriamente de aprendizagem."
"Tenho uma referência, básica. E há pessoas que vão dizer que eu me quero colar à imagem mas não é esse o objectivo. Simplesmente, há um que eu admiro desde sempre que é o Zeca Afonso. Ouvia desde muito pequenino... o meu pai fazia emissões de rádio e sempre foi uma presença habitual. E o Zeca Afonso, com o Fausto na guitarra ou com o Zé Mário Branco, tudo aquilo era... dizia-me algo. Era o único autor português que eu ouvia. (...) É uma presença constante nas minhas entrevistas: se pedem para escolher um tema, escolho Zeca Afonso, se me pedem uma influência, eu digo Zeca Afonso, porque é realmente, não sei, se há alguém que, para mim, merece ter uma posição de destaque eu penso que seja ele. (...) Há muita daquela realidade que, para mim, continua a ser actual, mas depois quando falo da própria música em si, em termos melódicos, por exemplo, referindo-me à Redondo Vocábulo, para mim podia ser uma música composta hoje, em 2008."
"Não (é uma música) no sentido clássico de intervenção, de protestar contra algo concreto, contra um sistema ou um regime, com um objectivo específico. Diria que é música que pretende interpelar as pessoas, mas apelando a diversas coisas e não, lá está, a uma crítica concreta, a um regime ou a um sistema. (...) É intervenção não política. Se considerarmos intervenção no sentido político, tradicional, não será, mas não sei se se chama música de intervenção por uma degenerescência que ocorreu no conteúdo da música... das músicas, progressivamente, no tempo, passarem a ter um conteúdo mais superficial; então isto, agora, só porque tem um conteúdo relevante passa a ser chamado de intervenção? Não sei, eu não diria que é de intervenção. Se guardar o termo para o contexto histórico que tem, é música com conteúdo." (Filipe Grácio)
"Isso é obrigatório, já tenho as viagens marcadas. Todos os anos tenho que fazer uma viagem. Este ano já estive em França, Holanda, Bélgica... em Janeiro já fiz isso, agora vou a Itália, Alemanha, tenho que continuar a viajar. (...) À semelhança da Tartaruga, que também tinha um tema, que era o Deus Pânico, em que falava, precisamente, de uma maneira um bocado mais subtil, provavelmente... falava do meu medo da morte, essa frase específica, "Sabe a pouco o que a vida nos reservou", é mesmo aquela vontade de não parar, não consigo parar. Ao pensar que um dia tudo será nada, tenho que ter algo para fazer, constantemente. Não parando aquilo que tenho para fazer. Se não, torna-se demasiado pesada, a existência."
Mão Morta-A Poesia
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Discofonia (26/ 27/ 28 Abril)
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terça-feira, 22 de abril de 2008
Discofonia (19/20/21 Abril)
Asa-Fire on the Mountain
Leo Tardin-The Biggest Piano in Town
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terça-feira, 15 de abril de 2008
Discofonia (12/13/14 Abril)
Camille-Kfir
Marta Hugon-Story Teller
"Eu gosto de fazer música, independentemente... agora, de facto, é no jazz que eu posso fazer as coisas que realmente me preenchem. Eu gosto de cantar ao vivo, gosto deste trabalho com a banda, e isso com as outras músicas... acontece de outra forma, são outros processos de criatividade. São outras formas de criar."
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terça-feira, 8 de abril de 2008
Discofonia (5/6/7 Abril)
Tom Brosseau-Committed to Memory
Luís Lopes-Humanization 4Tet
"Eu tenho boa memória e vou sempre reciclando tudo aquilo que fui aprendendo mas, se calhar é a chave da questão, quando estou a tocar, eu gosto de arriscar e ir para qualquer sítio onde eu nunca estive. A tocar. Gosto mesmo! Eu gosto de arriscar quando estou a improvisar, e eu sei que naquele momento eu estou a ir para um sítio onde ainda não estive. (A fazer algo) que eu não me lembro de ter feito antes. Estou mesmo a arriscar na hora. (...) É claro que depois aquilo mistura-se um bocadinho, porque eu sei que, de repente, quero arriscar e vou para um sítio que eu não conheço ainda, e de repente começam a aparecer-me outras ideias. Que eu já me lembro. (...) Eu falo por mim. Para mim tem sido assim. E é claro que vêm-me sempre as ideias todas, e vêm mesmo, estou a ser sincero. Vêm-me as ideias de tudo, não é só da música. Vêm-me as ideias das minhas vivências daquele dia e dos outros dias, as vivências todas que a gente vai fazendo... é impressionante, mas é verdade."
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quarta-feira, 2 de abril de 2008
Discofonia (29/30/31 Março)
Zé Eduardo Unit-Realejo
Paula Sousa-Valsa Para a Terri
"Eu não decidi aos 8 anos: vou ser pianista. Eu decidi milhões de vezes na minha vida. Algumas vezes fui desviada disso porque eu devia fazer não sei o quê, porque não sei o quê, mas depois eu tinha que voltar sempre à base. (...) Eu não quero viver sem ser músico."
"Dei-me relativamente (no universo da música pop). Eu acho que me dei bem, mas de alguma maneira senti que havia algo curto para mim, musicalmente, ali. Ou seja, que me era pedido que eu fizesse algo mais curto, em termos musicais; algumas vezes isso acontecia. (...) As pessoas, muito facilmente, na pop, associam... é um processo muito rápido. E que às vezes acontece depressa demais. Às vezes, quando nós passamos algum tempo a estudar, quando nós compreendemos que a música é uma coisa muito vasta, que demora tempo até fazermos alguma coisa realmente, pronto, alguma coisa que a gente possa dizer 'Bem, vamos lá, não está mal', sei lá, eu sou assim um bocadinho exigente comigo própria- então às vezes fica difícil relacionarmo-nos... ficou, para mim, difícil relacionar-me com algumas reduções de alguns processos rápidos demais. E, a certa altura, tornou-se um bocadinho insatisfatório."
"Ser pianista é um bocadinho, é daquelas profissões que se vê como arriscada, não é? Pronto, é tudo pouco garantido... Eu cada vez mais acho que o mais garantido que temos é irmos à procura de nós (...). Para mim tem sido muito difícil, desde que me conheço, convencer as pessoas que é mesmo isto, que desistam de me convencer que se eu tivesse o meu curso de economia, se eu fosse não sei o quê da farmácia, não sei o quê, é que estava tudo tranquilo. Isso tem sido muito difícil. No meio do jazz... é difícil. É um meio difícil porque, sobretudo, há grandes músicos em Portugal. Cada vez há mais bons músicos em Portugal, não há muitos sítios onde tocar... Eu não posso dizer que, como mulher, me foi especialmente difícil entrar no mundo do jazz, não posso dizer que senti aquela pressão das pessoas me porem de parte como mulher. Não senti nada disso."
Little Annie & Paul Wallfisch-The Summer Knows
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