segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Discofonia (22/23 Setembro)

PJ Harvey-The Piano
Cinematic Orchestra-
As the Stars Fall

Jim Black/ Human Feel-
Galore

"(Comecei) a escrever música para o meu primeiro disco com os Alas No Axis (quando) todas as ideias que não cabiam nos Human Feel, e que não cabiam em nenhuma das outras bandas em que eu tocava, simplesmente acumulavam-se e eu precisava de um sítio para elas. Ao mesmo tempo foi uma mudança mental importante para mim, porque estava a tocar tanto com tantos outros grupos que tinha necessidade de deixar tudo e de perguntar-me: 'Ok, quem sou eu? O que é que eu devia estar a fazer? A quem é que eu devia estar a agradar?'... Só queria ouvir-me a mim próprio, e dizer: 'O que é que queres escrever? Gosto de canções, gosto de energia'... E na verdade aquilo que se ouve nos Human Feel é mais ou menos o que estou a fazer com os Alas No Axis, mas de forma diferente. Nos Alas No Axis é tudo um pouco mais minimal, um pouco mais melódico, com menos improvisação, é mais inspirado no formato canção. Creio que às vezes temos que nos enganar a nós próprios para conseguirmos ouvir a nossa voz interior, no meio de todas as nossas obrigações profissionais e artísticas e essas coisas todas. Há dias em que é difícil ouvir a nossa voz interior. (Mas) mesmo a tocar com o Carlos Bica e com o Frank Möbus, com quem toco há mais de 15 anos, também é uma situação em que me sinto eu... É um lado diferente de mim do que está nos Human Feel ou nos Alas No Axis, mas à medida que me torno mais velho, começo a perceber que todas as coisas estão a confluir e a tornar-se mais próximas e já não são um salto tão radical... musicalmente são amigos mais próximos... E talvez seja porque estou a ficar mais... não que eu saiba o que isso quer dizer, mas dentro de mim talvez haja menos personalidades musicais radicalmente diferentes."

Lionel Loueke-
Always Will Be
Regina Spektor-
Après Moi
Marc Copeland with Gary Peacock & Paul Motion-
Runner

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Discofonia (15/16 Setembro)

Wax Poetic-Inside

Bruno Santos-
TrioAngular

"(No TrioAngular) a guitarra tem que ficar ali no meio termo entre o piano e, vamos imaginar, um saxofone ou um trompete... faz um bocadinho as duas partes. Só que fisicamente é um instrumento menos versátil do que o piano; por outro lado, por outro lado, há uma sonoridade de muito mais espaço, porque a guitarra acaba por preencher menos do que o piano... Eu gosto muito de trios de piano, e mesmo nos trios de piano que gosto de ouvir, gosto de ouvir o espaço e a respiração, o silêncio. E a guitarra, naturalmente, tem mais isso do que o piano. Naturalmente, não quer dizer que não existam pianistas que respeitem mais isso do que alguns guitarristas. (...)Acho que uma das coisas mais importantes na música é o sentido melódico e acho que é isso que eu tento fazer com a minha música, é procurar ser o mais melódico possível, e talvez seja por isso que a minha abordagem musical seja essa, um bocadinho mais relaxada."

Erik Truffaz & Nya-Sweet Mercy
Wax Poetic-Morning Prayer

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Discofonia (8/9 Setembro)

Tori Amos-You Can Bring Your Dog

Luciana Souza-
The New Bossa Nova

"Eu acho que é importante para um intérprete tentar compor. Agora se você é bem sucedido ou não compondo é uma outra história. Talvez os grandes momentos da minha vida como artista, não só como intérprete, cantora, mas como artista foram momentos onde eu tentei compor, quando eu tentei pegar a poesia de Neruda e passar para música. O processo é muito importante. Eu sempre quis estudar composição para poder entender... a minha curiosidade na música é assim: quando eu gosto de alguma coisa, eu me pergunto, porque é que eu gosto disso? E eu vou atrás do que me excita, do que me anima, do que me pega o ouvido... o que é exactamente que está por detrás disso que faz isso ser bom para mim? E às vezes é o som de uma pessoa, o timbre, às vezes é o ritmo, às vezes é o contraponto, às vezes é a melodia, às vezes é a harmonia, ou às vezes é uma combinação disso tudo. E como compositora é que eu consigo analisar e desmembrar essas coisas todas. Então eu acho que o processo de composição é um processo que enriquece demais o intérprete. Um cantor que entende composição consegue também improvisar melhor porque você tá compondo quando você está improvisando.
(...)
Não é fácil ser brasileiro, como não deve ser fácil ser português ou de qualquer lugar no mundo, mas eu acho que não é fácil ser brasileiro porque nós somos uma mistura muito grande, já somos um híbrido de muitas coisas e um híbrido talvez mal resolvido. Eu não sei se o brasileiro tem paz com o que ele é. Eu acho que a gente abraça uma ideia de paz, somos pessoas que dançamos e bailamos e somos felizes, mas ao mesmo tempo temos um certo recalque. Não somos europeus, não somos latinos, não somos negros realmente, quer dizer, quem somos nós? Eu, na verdade, eu quero viver com essa ambiguidade. Eu não tenho problema com isso. Eu sou brasileira e também sou um pouco americana agora e quiçá cidadã do mundo. O que eu gostaria realmente de ser é poder, como eu faço na música, ou tento fazer na música, que é amar tudo, amar a música brasileira, amar o jazz, amar a música clássica e na verdade não querer ser nada, eu não preciso definir isso. Eu quero morrer vivendo. Entendeu? Quero viver essa vida e quando morrer, morreu, outra pessoa que me defina."

Wax Poetic & Otto-Alessandra
Matt Pavolka Group-
... And Your Wellness

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Discofonia (1/2 Setembro)

Nina Nastasia & Jim White-There is no Train

Ben Stapp-
Tubista/Compositor

"Eu acho que estou a ver da perspectiva de um compositor. Gosto de ter uma unidade, é uma coisa que me faz sentir muito bem, quando estou a ouvir uma música que tem uma coisa que pode unir, que sempre existe. E por isso é muito importante escolher um músico que improvisa na maneira como compões. Por exemplo, com este tipo de música, quando tens uma música escrita e depois uma parte aberta e depois música escrita, se os músicos não têm nada a ver, ou não gostam de improvisar na maneira como a música está escrita, ou têm uma outra linguagem, uma linguagem própria, para mim não é tão forte como um músico que tem uma linguagem que corresponde, que concorda com a música escrita. (...) Quando tens uma ideia, um conceito inicial, e tens músicos que são muito sensíveis, tens a possibilidade de explorar outros caminhos, e por isso eu gosto deste tipo de música- é a forma de Ornette Coleman tocar: um tema, e depois uma parte de improvisações, uma maneira de encontrar outras coisas, e depois chegas à melodia."

Shawn Lee-
Happiness
Matt Pavolka's Group-
Peanut Boy's Lucky Day